domingo, 27 de março de 2011

Melhor greve

A ideologia da greve como a conhecemos existe desde o governo de Ramsés III, ou seja, há mais de três mil anos. No ano 2000, em Paris, surpreendi-me com a eficácia dos funcionários do Museu do Louvre que, em plena greve, mantinham o museu funcionando perfeitamente, porém com entrada gratuita. O processo era rápido e, para a tristeza dos turistas, resolvia-se em questão de horas.


Recentemente os professores da rede privada entraram em greve em Belo Horizonte. A forma antiquada me incomodou. Exigir a mudança de uma situação não mudando a forma de exigi-lo é quase pedir para não ser atendido. Dessa maneira, não ganham a anuência dos pais e ainda provocam um caos no cotidiano de quem não tem com quem deixar os filhos quando deveriam estar na escola.


Tenho defendido a idéia de que, para protestarmos contra algo, não temos que sair do lugar onde trabalhamos, pensamos, vivemos, enfim, da situação contra a qual queremos protestar. É de dentro das estruturas que surgem as rachaduras. Não se trata mais de ir às ruas com panfletos e faixas. Se os professores, em estado de greve, fomentassem a comunicação e a criação de novos conhecimentos a partir do diálogo, estariam atingindo muito mais a sociedade - e a possibilidade de tornar-se mais livre - do que lançando os jovens à própria sorte no horário extra que ganharam para ficar à toa.


Se suas reivindicações são sinceras e querem mesmo a melhoria do ensino, não deveriam sair da sala de aula mas, sim, sair da caixa e propor uma maneira mais atual e eficiente de quebrar as pernas do sistema. A meu ver, não há outro modo a não ser tornando os alunos conscientes da capacidade que têm de se reunir e criar novas soluções para os velhos problemas ou, pelo menos, novas formas de ver os velhos problemas. Perderem o medo de se manifestar e de compartilhar idéias construtivas já seria um primeiro passo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário